quarta-feira, 16 de abril de 2008

Flawless


A busca pela perfeição na execução de alguma coisa é quase inevitável de acordo com a cruzada das pessoas comuns, que visam praticamente de forma perpétua sobreporem-se umas às outras, em uma análise seca - na verdade, podemos dizer que o mundo capitalista até mesmo obriga o sujeito a se enquadrar nessa postura mesquinha e, nesse contexto, eximir o indivíduo de culpa parcialmente.
Em última instância, o que mais é esta busca impossível (sim, porque se fosse possível alcançar um fim, conseguiríamos imaginar algo ainda mais perfeito e, por consequência, não a teríamos alcançado) que uma tentativa de ser o melhor, o mais perfeito, ser admirado (seja por si mesmo, seja pelos grupos circundantes).
Aqui está a raiz de Flawless. É justamente também aí que está sua ruína. A construção metódica de um plano complexo, seja qual objetivo ilícito tiver, normalmente está relacionado em última instância a egos inflados mas simultaneamente representado em um bônus de ser sinônimo de inteligência indiscutível (e, portanto, objeto de cobiça).
Estas visões aparentemente antagônicas são normais em uma sociedade que priva por costumes com base monetária em detrimento das relações interpessoais "puras" e "reais", repleta de jogos de interesses e principalmente individualista (o EU no lugar do NÓS).
Um Plano Brilhante é o reflexo desses valores, mesmo que não queira ser. Aqui, no novo filme de Michael Radford, onde uma inexpressiva e decadente Demi Moore atua ao lado do excepcional Michael Caine, ambos organizam uma forma de assaltar um banco na década de 60 - ele, zelador, ela, assistente sênior do banco-alvo.
A tradução brasileira (Um Plano Brilhante) já angaria problemas logo de início, apesar da brincadeira "engraçadinha" com os diamantes. O problema todo é que o plano simplesmente não tem nada demais (o que simplesmente destrói a espectativa), não é tão bem arquitetado assim mesmo em sua simplicidade (parece funcionar melhor para mostrar como a polícia era ingênua na época, uma vez que descobri em menos de 30 segundos depois do roubo como os diamantes haviam sendo roubados...e eu não sou exatamente um Sherlock Holmes, convenhamos) e, portanto, está MUITO distante da perfeição almejada ou dos aplausos insandecidos de uma platéia atônita .
O pior é que há uma série de coincidências estapafúrdias que contribuem para dois amadores (e a personagem de Moore está a quilômetros de demonstrar a inteligência que um dos personagens diz que possui..na verdade, é até conveniente ele falar, porque senão você sequer saberia) assaltar o local.
Um desfile de besteiras como rosquinhas, tiras desatentos, pessoas extremamente bondosas e confiantes no zelador são alguns dos elementos básicos de uma rede de segurança pífia e totalmente burlável, funcionando de forma impecável na hora exata que tudo tem que dar certo.
Completando o cenário, depois de uma investigação insossa, somos brindados com uma cena final cuja atitude da personagem principal é incoerente com o que ela demonstra no filme, sem contar que é piegas toda vida e remete de imediato à sensação de frustração por você ter gastado dinheiro para assistir a um filme tão fraco.
Pra finalizar, pelo menos uma coisa o filme mostra muito bem: como desperdiçar em duas horas uma idéia que podia mostrar a capacidade humana de se adaptar às situações mais complicadas se tiver um motivo suficientemente justo (mesmo que justo para seus deflagadores)...como por exemplo, ser admirado por si mesmo.

**/***** 6,0/10

3 comentários:

Anônimo disse...

Scofa, o meu eh HTTP://01H58M28S.WORDPRESS.COM

E putz, fiquei tentado a ver esse. Manda qdo rsolvi ir, saiu de cartaz.

Mr. Scofield disse...

Pois é, Faéu. Vou adicionar seu blog e..putz, o filme é bem ruinzinho, tem coisas melhores por aí, ahahah.

Prof. Adolfo disse...

Esse filme foi algo que me marcou tanto que só lendo aqui rapidamente no seu blog sobre ele q me lembrei q o tinha visto... Realmente, um filme ruim, q nem o Michael Caine salva... Pelo amor de Deus... Sofrível... Mas o que esperar de algo que tenha Demmi Moore